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sábado, 10 de dezembro de 2011

Otário, vagabundo, louco, sujão, ridículo para uns(poucos???) viventes do Lago Norte


Paulo Freire (1921-1997) foi o mais célebre educador brasileiro, autor da pedagogia do oprimido, defendia como objetivo da escola ensinar o aluno a "ler o mundo" para poder transformá-lo. Mas, devo confessar: educar não é tarefa fácil. Ainda mais quando se tem adultos por perto.... Mas, sou freiriano e então, não desisto nunca(de educar e ser educado, principalmente), ainda que não veja as mudanças que desejo/proponho para a construção de um mundo mais humano, demasiado humano, enfim, melhor(do que está aqui)....




Mas, é exatamente por isso, que eu coloco a mão na massa, mais do que falo, critíco ou reclamo de governos, governantes e/ou (partidos)políticos.... talvez porque (já) tenha consciência(crítica) de que nenhuma dessas figuras(decorativas) fará as mudanças necessárias e profundas sozinhas, ainda que quisesse e tivesse vontade(política)...

Então, eu(e às vezes com outros amantes da natureza) venho levantando, acima do umbigo de determinadas pessoas(?), o lixo humano do Lago Norte, desde setembro/2011. Nesse período, dependendo por onde caminho com minha arte-educação ambiental, recebo várias manifestações positivas, e, algumas(como tudo na vida), negativas.


Os que gostam da (idéia da) intervenção LixoCultural Sonoro, deslocam-se dos seus lugares (calçada, meio fio, carro, ônibus) e vêm até mim saber "o que é isso(?). Ou seja, têm a humildade e nobreza de se permitir o novo, o diferente, o esteticamente "fora da sua normalidade". E por isso, os comparo às crianças ribeirinhas, que tanto amo e convivo frequentemente... Enfim, é com essa pequena grande atitude, que essas pessoas especiais se permitem aprender e apreender algo novo, uma certa consciência ambiental, que transita no campo da ecoespiritualidade e da mística que eu trago dentro de mim, fruto das vivências nos últimos anos que tive e tenho em comunidades tradicionais e originárias da Amazônia, sobretudo. E, desse pequeno e, às vezes, rápido contato, nos tornamos conhecidos, parceiros ou amigos, dependendo da situação.

E desse bate-papo, no meio da natureza viva do Lago Norte, no canteiro central, ao som dos pássaros, sob os olhares arregalados das corujas, à sombra das árvores do cerrado(como o pequi), concordamos em pelo menos um ponto (que é o que me interessa)fundamental: é preciso que cada um de nós façamos a nossa parte, neste mundão de possibilidades, qual seja, juntar o lixo que encontramos pelo caminho, seja ele nosso ou do outro, e joguemos na lixeira mais próxima, para o nosso bem e das futuras gerações que já estão vindo agora...




Mas, nem tudo são flores... há os que discordam da nossa intervenção LixoCultural Sonoro e se sentem agredidos com o lixo exposto à altura de seus olhos,acima de seus próprios umbigos... Na maioria dos casos vivenciados, são pessoas qe estão transitando em carros luxuosos(e eu caminhando), com vidros (escuro, muitas vezes) fechados (em si mesmos) para não ver, nem ouvir, nem sentir o cheiro do lixo humano que vem sendo jogado no canteiro central e nas ruas do Lago Norte. Sinceramente, desconfio que essas pessoas sejam os verdadeiros sujões, os que vão jogando das janelas de seus carros: pontas de cigarro, latinhas e garrafas de cerveja(Hineker), água mineral, refrigerante, gatorate, lanches dos fastfood(MacDonald, Subway, Bobs), camisinhas, seringas, latas de crack etc e tals, só pra dar alguns exemplos...

Dizem-me desaforos de dentro de seus carros(em movimento), de cima de suas bicicletas e, até mesmo, de relance, para não "perder" o "time" de seus treinos, confortavelmente calçados em tênis que custam mais de um salário mínimo, comprados naqueles templos do consumo, que gastam um montão de energia elétrica, com seus "sistemas modernos" de ar condicionado e luz, a consumir os rios, os povos e comunidades tradicionais e originárias da nossa casa Amazônia... Ah, mas o que importa isso??? Que Belo Monte de ecochatices, não?? "Fala sério seu otário, o que a gente quer mesmo é que vc páre de sujar o nosso Lago Norte seu pobretão!!! Aqui é o Lago Norte, a área mais nobre de Brasília..."

Não, eu não mereço ouvir isso, nem ler tanto preconceito, arrogância e ignorância... E como diz o cuidador do Parque das Garças, Herbert Schubart:

"Jonas, continue expondo o lixo, que ele se expõe!"

É isso mesmo Herbert, vou continuar levantando/expondo então, até 7 de setembro de 2013, às vésperas da Copa de Mundo. Este é meu presente para esta cidade e "bairro" que tanto amo, e, por isso mesmo, cuido e que é a minha, a nossacasa. Enfim, depois dessa data, vou me preparar para voltar a caminhar exclusivamente pelas comunidades ribeirinhas da Amazônia, do Brasil, da América Latina e da África, que também são a minha, a nossacasa!!!


Abraços fraternos,
para os que não gostam,
os que gostam, e,
os que são indiferentes,
com a nossa mãe natureza!!!

E não esqueça:
Lixo na
Lixeira,
por gentileza!

Jonas Banhos
face Jonas Banhos
jonasbanhosap@gmail.com
mochileirotuxaua.blogspot.com
conexaonossacasa.blogspot.com
barcadasletras.blogspot.com

2 comentários:

  1. Quando se acredita na causa, tudo pode. Sucesso no seu projeto primo. Vibro por você.

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  2. Valeu Ana, é como diz o nosso Gil:

    Andá com fé eu vou.
    Que a fé não costuma faiá...

    Bora continuar girando...

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